18/02/2013

QUANDO UM BURRO FALA...




                Senhoras e senhores,

            Quero alertá-los, neste momento, que se de grão em grão a galinha enche o papo, não é menos verdade que macaco velho não mete mão em cumbuca e cobra que não anda não engole sapo. Afinal, está confirmado que a cavalo dado não se olha os dentes do mesmo modo que mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Por conta disso pode-se afirmar que cão que ladra não morde e uma andorinha só não faz verão. Partindo desse pressuposto, matar a cobra e mostrar o pau é recurso utilizado até hoje por gregos e troianos. Sabendo que a maré não está pra peixe e que tem muita gente matando cachorro a grito e chamando urubu de meu louro, pode-se concluir que água mole em pedra dura tanto bate até que fura, pois como disse o sábio, se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come. Mas é importante frisar que burro preso também pasta e pé de galinha não mata pinto sem esquecer, porém, que macaco que muito pula, quer chumbo.

            Sei que nesse momento os senhores devem estar com a pulga atrás da orelha, pensando na morte da bezerra. Mas é bom lembra-los que pensando morreu um burro e por ser apressado o porco nasceu com o culhão pra trás. Mesmo sabendo que afirmações do tipo: quem não tem cão caça com gato e onde a vaca vai o boi vai atrás têm sido recebidas com reservas, ainda assim é possível matar dois coelhos com uma só cajadada. Mas é aí que a porca torce o rabo, pois em casa de ferreiro o espeto é de pau. Isso posto, permitam-me abrir um parêntesis para reafirmar este importante axioma: se um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam muito mais!

            Certo de não estar atirando pérolas aos porcos, aproveito para adverti-los que quando a esmola é grande, o santo desconfia. E mesmo  sem querer bancar o amigo da onça, alongando-me demais, se faz necessário concluir este pronunciamento com clareza para não deixa-los mais perdidos que cego em tiroteio. E para não levarem gato por lebre, é bom abrirem os olhos pois siri que dorme, a onda leva. Eu sei que o peixe morre pela boca mas sei, também, que quando um burro fala, o outro murcha a orelha.

            Como já está chegando a hora da onça beber água, cheguei à conclusão de que em boca fechada não entra mosca, por isso despeço-me na certeza de que os cães ladram e a caravana passa e quando o gato sai, os ratos fazem a festa.

            E tenho dito!
Antonio Juraci Siqueira

Um comentário:

  1. Adoreiiii "Quando um burro fala..."Só podia ser vc a nos presentear com esse talento poético.Que Deus continue a te abençoar, para que possamos nos deliciar com o grande poeta que és.Muita luz amigo!

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