01/01/2013

Meu rio

Quando ilhado entre alfarrábios,
sinto saudades de ti,
teu nome sai dos meus lábios
numa oração: CAJARI!





À primeira vista pode parecer um rio comum, um rio como outro qualquer. Mas não é. Esse é um rio especial: é o rio Cajari, o meu rio. Ele nasce no vale da minha infância e desemboca sereno e caudaloso dentro de mim, dentro de minha memória, lavando minha alma, fertilizando meu coração, devolvendo a minha infância. E não há decretos, leis, mandados nem resoluções que possam tirá-lo de mim. Ele está de tal maneira diluído em minhas veias que nenhuma força do mundo poderá secá-lo nem alterar seu curso. Você pode admirá-lo, banhar-se em suas águas mas não poderá apossar-se dele! Ele me viu nascer, banhou meu corpo, matou minha sede e me deixou brincar de canoeiro em suas águas plácidas tangendo meus barquinhos que hoje navegam na minha imaginação. Ele é a rua onírica onde o poeta perambula à cata de inspiração, onde o Boto mandingueiro vagueia nas noites enluaradas mundiando as cunhãs. Portanto, tratem-no bem, pois o mal que a ele fizerem é a mim que farão, posto que somos um deste o início dos tempos.

Antonio Juraci Siqueira


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