09/10/2009

INSENSO E MIRRA


Eis-me aqui, Senhora, bubuiando
- igarité de anseios e pecados –
nas águas desse rio de reza e riso
a correr para o mar do Teu amor.

Mas como ver-Te santa na Berlinda
se vejo-Te, Senhora, naufragada
entre rostos sofridos, pés descalços,
mãos que sangram na Corda, entre marias

envoltas em mortalhas carregando
promessas e sofrências sob os véus...
...e eu aqui, Senhora, enclausurado

em meu sudário feito de ilusões...
Pequeno mururé vagando a esmo
num rio secular de incenso e mirra.

2 comentários:

  1. FELIZ CÍRIO ,BOTO
    MATINTA

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  2. Negligência minha não ter comentado antes esse soneto, Senhor Boto! O olhar atento não se rende às aparências, ve aquilo que outros olhares também veem, mas não privilegiam, ou filtram, para não não sofrer. Quanto há de dor, quanto há de desesperança nas esperanças coletivas, não é mesmo? Abraço grande de meu coração tocado, pela sua extrema sensibilidade! E vai desculpando esse escriba aqui, que além de estar escrevendo feio maluco, começaram minhas provas, trabalhos e seminários na faculdade.

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